Pergunto me como estara o Grupo Amorim e sua cortiça....
Wazaaa apos x dias em cobrança teras o teu nome no Banco de Portugal , ninguem te dara credito..... , ou melhor , nenhuma financeira.
Podera ter havido em tempos palas nos olhos... a pressao de atingir objectivos e demonstrar resultados...
Acho que o Placebo quis falar numa Politica cambial , algo que so podera ser feito fora do Euro.
Se bem que ha tempos , alguem falou por aqui numa regionalização , regiões com uma especie de "moeda" ou vales.Conceito interessante.
Mnel , o papel do adulto face a criança é dar o exemplo , nao cair em erros infantis.
Boas,
Fico contente e até um pouco surpreendido com o tópico(pela positiva).
Concordo com algumas opiniões do wazza e outras do Mnel.
Explico-me:
Sobre o Zeitgeist,é muito bonito,mas utopico,pois somos todos humanos,logo...
Foram apenas algumas fotnsde informação para sabermos que não tem de ser como é,mudamos,reinventamos,reorganizamos,mas temos que ter o homem e a qualidade de vida do mesmo no centro do modelo e a controlá-lo,não as corporações e meia duzia de chupistas anafados!
Quanto à conjuntura actual,acho que tem um pouco a haver com um episodio não muito longinquo,quando as reservas de petroleo dos eua estavam a descer drasticamente,ao ponto dos americanos comprarem 3 superpetroleiros à China(pasme-se) e a França e Alemanha tentarem comprar os 3,acaband por comprar dois.Junte-se o movimento socialista sul americano que secou algumas fontes priveligiadas dos Eua na america do sul,depois veio as guerras do afeganistão e iraque
A pressão da opep sobre a arabia saudita(outra fonte dos EUA)
,o "terrorismo"(há muitos americanos que não acreditam mesmo nisso!), e por fim,onde eu quero chegar,a cimeira dos açores!
Pensem lá quem apoiou a invasão americana(tinhamos relações priveligiadas com os eua,compravamos material bélico em segunda mão,o donald rumsfeld quase vivia cá!)...
EUA,inglaterra,Espanha e Portugal VS França e Alemanha e seus apoiantes!
Ou seja,lobbie do petroleo EUA e Inglaterra VS lobbie do petroleo Alemanha e França!
Na Europa quem tá a sofrer represálias,quem tá à rasca?
Quanto aos alemães,não os considero inimigos,mas convenhamos...Se Portugal tivesse mão de obra escrava,à borla durante todos os anos que eles tiveram judeus entre outros,talvez fossemos um pais bem mais rico,não?as grandes companhias já pediram desculpa e pagaram as reais indeminizações às familias afectadas?
Não há anjos nestas histórias,há interesses e ponto!è o lado negro do ser humano ao seu pior estilo!
Oser humano comum
e o seus interesses valem zero!
Quanto ao que o mnel diz sobre o costante queixume,concordo,daí o meu repto,em vez de nos queixarmos,vamos,como consumidores,que é o grande poder que temos,bem como de cidadão votantes,tentar mudar o rumo!
Como é que o pais que era a potencia ou uma das maiores potencias mundiais,que descobriu o mundo se deixou cair assim?Onde está toda a riqueza?
Como o Mnel diz e o wazza também a culpa é nossa!!!O nosso desinteresse pelo pais,pela politica,pelo fazer bem a parte que nos cabe,por não exigirmos e controlarmos quem nos governa,enfim por tudo o que está a acontecer em Portugal,e tudo o que vem acontecendo!Não foram os Franceses,Alemães ou Americanos que têm vivido,votado,trabalhado,pago impostos em Portugal,fomos nós!Logo todos temos culpa com as escolhas que fazemos diariamente,os comportamentos e atitudes...
Não acham no minimo estranho que os mesmos que têm conduzido o país nas ultimas decadas e o levaram ao estado em que se
econtra,continuem no poder e nós como cidadãos lhes continuemos a entregar o poder assim,
com
esta facilidade?Tentam convensernos que são os salvadores(outro problema dos tugas,sempre à espera do D.Sebastião,sempre à espera que apareça o salvador no meio do nevoeiro e por artes magicas transforme tudo de mau em bom..)
A lavagem cerebral continua,tentam converser-nos que eles é que sabem tudo,que só com as medidas por eles preconizadas(pelos mesmos que nos arrastaram para onde estamos) é que sairemos do fundo do poço.
Eh pá já escrevi pa caraças....sorry
Registo: Oct 24, 2004 Mensagens: 7607 Local/Origem: Carcavelos/Évora
Colocada: Qua, 17 Nov 2010 - 1:23 Assunto:
Mnel escreveu:
Ela ficou agradecida e prometeu a tal audiência. Ou seja: eu vou preparar o trabalho todo para o seu Ministério poder defender o nosso interesse. Não vou preparar uma choradeira se eles não o fizerem.
Partes do pressuposto que toda a gente neste país tem o teu nível de formação, educação e cultura, e partes de outro pressuposto duvidoso: que os governantes tenham interesses convergentes com os teus!
Pergunto: quando se deram subsidios para não produzir trigo no Alentejo, que se poderia fazer?! Eram mais novito, mas bem me lembro de agricultores protestarem por terem cotas de produção de leite e tomate!!!! Não se aceitavam esses fundos e o que acontecia? Achas que continuariam a vir? E que consequências teria isso na integração europeia? Não digo que fosse bom, o mau... mas interrogo-me precisamente acerca do que se poderia fazer no contexto da politica económica comum!!
Esses "dinheiros" só vinham, no caso especifico da agricultura e das pescas porque havia uma coisa chamada de PAC!!!!!! E bem vistas as coisas, o que tu "propões" não é a inversão total do papel do Estado?!
Tu próprio dizes que o Estado não pode atender a todos os grupos de interesse, o que se pressupõe que existirão interesses que não serão atendidos, por mais esforços que despendas!! Em suma, é em ultima análise, o Estado que define estratégias e modelos de governação! Sou eu que marro teimosamente que tenho de construir um TGV num país falido? Ou sou eu que marro teimosamente em fechar escolas?! Em ambos os casos, até o mais leigo dos eleitores percebe os crimes lesa-pátria que estão a ser cometidos!!
Pressuponho portanto, que a PAC se deve à falta de pro-actividade dos portugueses no geral!! Ou seja uma política decidida pelos burocratas de Bruxelas são culpa de quem acha que não tem culpa!!
Estaria de acordo com o Mnel, se os pequenos/médios agricultores que dependem da cooperativa da região não dependessem da mesma para ecoar os seus produtos ou se tivessem capacidade/"disponibilidade"de se promoverem como por exemplo "algumas empresas". Isto tudo se agrava quando em tempos existiram incentivos para baixar a produção (umas vezes).
Acredito se isso tivesse acontecido noutros meios (empresas), essas se poderiam ter promovido a titulo empresarial. Agora como é que um agricultor com alguns hectares onde os únicos contactos que tem são o da cooperativa e onde essa muitas das vezes só paga a esse "agricultor" no próximo ano?
Sim como é que esse tem disponibilidade financeira ou credibilidade para investir? se o dinheiro que recebe está em atraso 12 meses? e não podemos esquecer da manutenção desse(s) hectares.
Sei que a culpa vai sempre morrer solteira, sei que muitas das vezes nos acomodamos (infelizmente temos isso enraizado), mas também é verdade que temos muitos a tentar andar, mas infelizmente não os ajudam (não estou a falar só a nível monetário).
Talvez se tivéssemos menos pessoas no poder a olhar para os seus umbigos, protagonismos e no que os outros todos pensam, talvez a coisa funcionasse.
Vivemos numa sociedade rodeada de tachos, alianças, fachadas pseudó politicas e com uma fiscalização deficiente, em quanto isso não mudar...
Registo: Jan 24, 2009 Mensagens: 1534 Local/Origem: Poça / Azarujinha
Colocada: Qua, 17 Nov 2010 - 11:05 Assunto:
wazaaa escreveu:
Partes do pressuposto que toda a gente neste país tem o teu nível de formação, educação e cultura,
Bem verdade: aqui acho que reside o maior de todos os problemas... a educação da população em geral. Aliás, a não educação ou cultura parcial sempre foi uma arma utilizada pelos ditadores (e igrejas, já agora) para controlar os seus súbditos
wazaaa escreveu:
e partes de outro pressuposto duvidoso: que os governantes tenham interesses convergentes com os teus!
Se calhar é exagerado, mas em muitos casos, os governos ou influenciadores (podem ser a oposição, deputados ou mesmo a secretária) não têm opinião formada sobre muitos assuntos. Aliás, no caso Europeu, os interesses são quase sempre convergentes.
Nos outros casos, a solução passa muitas vezes por fazer com que os pontos de vista sejam convergentes.
Voltando de novo ao exemplo do SOS e da Ministra: tenho é de a convencer, antes de outros grupos que ameaçam as ondas, e de forma muito construtiva e fácil para ela, que os interesses dos surfistas são os mesmo do seu Ministério e que ao nos ajudar, está a ajudar-se.
Registo: Oct 24, 2004 Mensagens: 7607 Local/Origem: Carcavelos/Évora
Colocada: Qua, 17 Nov 2010 - 11:15 Assunto:
Deixo aqui uma entrevista ao sociólogo Elísio Estanque acerca da forma como a sociedade, neste caso os mais jovens, podem vir a reagir perante certas medidas de austeridade que lhes são impostas por um governo, por eles eleito, mas que defrauda obviamente as suas expectativas.
Como se vê, no actual modelo democrático, de parlamentarismo e representatividade, por muito culpados que sejamos em determinados aspectos da nossa participação civica na sociedade, o certo é que estamos fatalmente condicionados à actuação daqueles que escolhemos para nos representarem e que podem seguramente ter interesses divergentes do da população geral, e em ultima análise, de quem os elegeu!
Um exemplo? A austeridade por que estamos a passar. A população elege um governo, que define uma estratégia de financiamento baseado na contração de divida nos mercados financeiros internacionais, que não estimula a poupança interna quando emite certificados de aforro a juros muito mais baixos do que aqueles que paga no estrangeiro tudo para não ofender a toda poderosa banca que seria obrigada a, pela tão querida lei da concorrência, ajustar as percentagens de rendibilidade que oferece nos seus produtos financeiros (nomeadamente nos depósitos onde a percentagem de juro oferecida na generalidade dos bancos é vergonhosamente baixa). Desta forma, a banca vê a sua posição protegida, podendo assim como é seu interesse potenciar o consumo e o consequente crédito, ao invés de pontenciar a poupança, no primeiro caso recebe juros no segundo tem de os pagar. Esse governo, apesar de eleito pela massa da população, governa de acordo com a sua agenda especifica, e inclusivé em convergência com os interesses de um sector especifico da sociedade (banca e agenda partidária), agenda essa que, está à vista, nos coloca enquanto Estado numa situação de grandes dificuldades e especialmente, que nos coloca reféns dos credores internacionais. Perante este cenário, o Estado é obrigado a financiar-se draconianamente com os seus contribuintes, exigindo a estes, já de si empobrecidos, mais carga fiscal por forma a suprir as necessidades de amortização da divida externa. Seja qual for a perspectiva pela qual se observa este problema, a terrivel conclusão a que se chega é que, um Governo eleito pelos seus cidadãos defrauda totalmente as expectivas das massas que o elegeram, pela perpectuação de politicas erradas e em consonância com interesses que não os daqueles que o elegeram, e mais assustador, o Governo fruto desses erros, governa hoje em função das indicações dos mercados e dos governos estrangeiros, e não em função de quem o colocou lá!!! Perante isto, de que forma os cidadãos poderão considerar-se culpados? Sim serão culpados por terem eleito um bando de malfeitores e não é de agora, mas isso tem raizes bem profundas e se calhar também elas centradas na forma como o Poder foi exercido em Portugal no ultimo século (veja-se a entrevista quando se fala na "carneirização" da população por acção da Igreja e do Estado Novo), mas não podem ser culpados por terem eleito tipos principescamente pagos para encontrarem soluções e estratégias de governação que o comum cidadão não tem capacidade para desenvolver, e depois verem essas espectivas defraudadas. Não o são, e principalmente não o são de acordo com as leis do país, e como tal a sua reacção terá sempre de estravazar as leis da república, isto é, no actual cenário, era mais do que legitimo se a população se levantasse contra as actuais estruturas de poder para as derrubar, mesmo violentamente (aliás apenas e só desta forma, pois pelas leis da República, a autoridade do Estado manda defender o Governo, mesmo que este actue contra os seus cidadãos, como é o caso)! Seria moralmente justo, ainda que legalmente proibido!!!
Em suma, somos culpados... somos culpados por não termos feito o regicidio mais cedo, por não termos escurraçado a Igreja Católica dos centros de influência, por termos permitido o Estado Novo, por temos falhado o atentado ao Salazar, por não termos metido os fascistas no Campo Pequeno, por não termos aproveitado o 25 de Abril para fazer uma revolução social no país, por elegermos há 30 anos corruptos e incompetentes... e por último, somos culpados por sermos tão mansos!!!
Ou seja, somos culpados por não termos agido fora da esfera da Lei da República (tirando as eleições) quando houve oportunidade. Dentro da Lei, como poderemos achar que somos culpados?!
Bom, mas já me alonguei. Aqui fica:
Citação:
Entrevista ao professor de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra Elísio Estanque: "Os jovens estão desesperados e vão começar a insurgir-se" Por Natália Faria
O protesto dos universitários contra os cortes na atribuição das bolsas pode inaugurar um novo ciclo de insurreição dos jovens, avisa o sociólogo e professor de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra Elísio Estanque.
O sociólogo lembra que as questões financeiras foram o gatilho para a onda de protestos dos anos 1990
Se os jovens que saem das universidades continuarem a defrontar-se com a precariedade laboral, marcada pelos contratos a termo e pelos recibos verdes, o mais certo é que protestos como a recente invasão do call center do BES, em Lisboa, se propaguem e radicalizem. Quem avisa é o sociólogo Elísio Estanque - co-autor da investigação Do activismo à indiferença - Movimentos estudantis em Coimbra - a propósito da manifestação dos estudantes universitários portugueses que protestam hoje, em Lisboa, contra as alterações nos critérios de atribuição das bolsas de estudo. Os universitários alegam que, por causa dos cortes, milhares de estudantes vão ser forçados a abandonar a universidade. O sociólogo lembra a propósito que as questões financeiras foram o gatilho para a onda de protestos dos anos 1990 e sustenta que podemos estar na antecâmara de um novo ciclo de insurreição da juventude. Apesar disso, não antevê que se repitam em Portugal rebeliões de massa ou sequer a violência que, noutros países europeus, colocou os jovens na dianteira dos protestos contra as medidas de austeridade dos governos.
Por que é que, em Portugal, os protestos dos estudantes são tão ordeiros, sem a violência que vimos ainda há dias em Inglaterra, França e Grécia?Uma das explicações tem que ver com o crescimento muito acelerado do sistema de ensino em Portugal, que levou a que, num período curto, tivessem entrado na universidade jovens oriundos das classes trabalhadoras e das classes média e média baixa. Um estudo que fizemos há pouco tempo em Coimbra mostrou que à volta de 30 por cento dos jovens universitários eram filhos da classe trabalhadora. Os constrangimentos económicos e também culturais das famílias de onde os jovens são oriundos levantam barreiras à compreensão do que se passa no mundo, porque, quanto maior a escassez de recursos, maior é a pressão familiar para que os estudantes aproveitem o tempo em que estão deslocados e, portanto, a pagar rendas e a contribuir para aumentar as despesas do orçamento familiar. Isso, associado a um panorama mais geral de um certo desinteresse das camadas mais jovens pelas questões públicas, contribui para reduzir os níveis de participação pública da nossa juventude.
Haverá também algum fenómeno de contaminação? Esta espécie de conformação social não é exclusiva dos jovens.
Não é exclusiva dos jovens mas, se pensarmos nas grandes viragens políticas do mundo ocidental a partir dos anos 60, foi a juventude que apareceu em pleno como grande protagonista, uma espécie de super sujeito quase a querer substituir o velho operariado enquanto protagonista das viragens político-culturais. Aí, a juventude afirmou-se como uma espécie de vanguarda capaz de tomar a dianteira e de impor uma vontade colectiva no sentido de obrigar à abertura das instituições e de promover o aprofundamento da democracia. Os movimentos dos anos 60 e do Maio de 68 em França simbolizam essa pressão enorme por parte da juventude e foram a apoteose para a afirmação de um novo actor colectivo: a juventude escolarizada.
Em França continua a ser a juventude a liderar os protestos, mesmo quando o que está em causa são medidas como o adiamento da idade da reforma, que não os toca de forma imediata.
Em França, onde há quatro ou cinco anos houve aquele ciclo de violência urbana com jovens dos bairros periféricos e das minorias étnicas, os protestos também decorrem do contexto cultural e das tensões de índole racial e étnica que são delicadas de gerir. O povo português tende a ser mais passivo e a estar sob influência de uma certa cultura de resignação e de aceitação das dificuldades. Isso é algo que é ancestral e que foi inculcado através dos séculos por acção de uma lógica muito patriarcal, tutelar e paternalista, em que a própria Igreja Católica teve alguma influência, já para não falar do Estado Novo, que levou esta situação até ao extremo. Portanto, o facto de os jovens portugueses habitualmente não se rebelarem de forma tão intensa e tão radical, como acontece noutros países mais desenvolvidos, terá porventura que ver com a dimensão da escolarização no nível superior que, em França, é muito maior, começou muito mais cedo e, portanto, a familiarização da juventude com as questões científicas, culturais e políticas está muito mais consolidada. Em Portugal, apenas 11 a 12 por cento da população em idade activa tem formação superior, e, mesmo nas faixas etárias abaixo dos 34 anos, os nossos valores de presença de jovens na universidade são ainda dos mais baixos da Europa. Por outro lado, ao contrário do que aconteceu com a geração rebelde nos anos 60, os apelos do consumo, das actividades lúdicas e das ocupações do tempo livre são muito mais despolitizados, muito mais fora de uma certa cultura de irreverência que existia na época em que a universidade era bem mais elitista do que hoje.
As ferramentas que, como o Facebook, estão largamente disseminadas não ajudam a mobilizar os jovens para as causas?
As redes sociais e a Internet não podem de maneira nenhuma ser ignoradas porque têm e vão continuar a ter um papel decisivo na construção de redes de insurreição da juventude. A questão é que os jovens continuam numa fase de grande desinteresse e cepticismo relativamente à vida pública e à vida política. Agora, isso não quer dizer que os jovens fiquem indiferentes quando se sentem directamente atingidos. Viu-se, por exemplo, que a última onda de contestação nas universidades portuguesas deu-se nos anos 90, quando foram introduzidas as propinas. Portanto, quando a questão económica se torna mais patente, os jovens acabam por participar mais. As manifestações de hoje também têm que ver com as alterações nos critérios de atribuição das bolsas de estudo, portanto, mais uma vez são as questões económicas, só que agora num enquadramento de crise e num momento em que a própria indiferença e o próprio individualismo e o próprio consumismo atingiram um ponto de exaustão. Daqui para a frente não se pode ir mais fundo e, como a sociedade funciona por ciclos e os movimentos sociais também funcionam por ciclos, acredito que poderemos assistir nos próximos anos a um revigoramento das formas de participação juvenil em diversas dimensões da vida pública.
Estamos à beira de um momento de viragem?
As viragens na época que estamos a viver nunca são repentinas. Penso é que poderá haver vários momentos, várias situações que até podem ser passageiras e que não serão certamente linearmente cumulativas, no sentido de se esperar que venha a haver uma grande rebelião de massas, como nos anos 60. Hoje tudo se dilui muito rapidamente, e os protestos tendem a ser muito mais momentâneos. Há dias, aqueles jovens dos precários [Precários Inflexíveis] invadiram simbolicamente o call center do BES, em Lisboa, e eu acredito que iniciativas deste tipo vão começar a propagar-se e a ter um impacto maior, porque os jovens começam a ficar desesperados e, se não virem uma luz ao fundo do túnel, vão começar a insurgir-se. Os que entraram no mercado de trabalho na última década estão, na sua larga maioria, em situação precária, com contratos a termo certo, em regime de recibos verdes, numa relação muito pontual com o mercado de emprego, o que revela uma situação de autoritarismo, por um lado, e de grande dependência por parte de quem necessita de um emprego, seja ele qual for, e que tem que estar disponível para tudo, até para aceitar estágios e trabalhos praticamente a custo zero, na esperança de que isso venha a entreabrir uma porta para o emprego. Se este panorama geral não for invertido, acredito que situações como a invasão do call center do BES vão propagar-se.
Acredita que esse extravasar de raiva possa acontecer mesmo num país em que uma greve geral se convoca com um mês e meio de antecedência?
Somos ordeiros e - a não ser em períodos extraordinários como o 25 de Abril e, antes disso, a 1.ª República - pouco dados a revoltas espontâneas radicais, mas não acho que seja de excluir que elas possam acontecer. Não sabemos ainda o que é que poderá seguir-se em termos do efeito que esta greve geral pode ter. A agitação e a instabilidade ainda não se propagaram muito para o campo social e, não querendo ser alarmista, há um certo recalcamento do descontentamento social que tem que se manifestar de alguma maneira. Sobre isto queria lembrar que estas manifestações de descontentamento mais ou menos programadas a prazo, se vierem a ter uma boa adesão, o natural é que inibam outro tipo de reacções mais violentas e mais radicais. Habitualmente, alguns comentadores exageram nos juízos que fazem relativamente a iniciativas deste tipo e acusam os sindicatos de todas as coisas maléficas. Enquanto sociólogo, quero sublinhar que as sociedades, sistemas onde a ordem e o caos convivem permanentemente, têm necessidade de se fazer ouvir. Quando os partidos, os governos, os parlamentos não cumprem aquilo que deveriam cumprir em termos do mandato que recebem dos cidadãos, é natural que o descontentamento venha ao de cima e, numa sociedade democrática, esse descontentamento tem todo o direito de se fazer ouvir.
Registo: Sep 17, 2010 Mensagens: 39 Local/Origem: Bairro do Relogio
Colocada: Qua, 17 Nov 2010 - 14:47 Assunto:
Boa tarde
Como newby neste forum, congratulo-me com o nivel do post que estou aqui a ler.
Gostei de ler todas as opiniões independentemente de concordar ou não com elas. È um tema que me dá gosto ler e saber o mais possivel recorrendo-me da internet (que tem muito lixo e intoxicação para "fools") principalmente, mas tambem de todos os suportes possiveis.
Na minha e só minha opinião, penso que estamos a chegar ao fim de uma civilização. Uma nova era está a começar e nós estamos mesmo no meio do furacão.
Qual o sistema bom?
Ninguem o sabe responder. Democracia, Anarquia, Despotismo...eu sei lá quantos há diferentes. Serviram a humanidade em diferentes periodos de maior ou menor prosperidade. Talvez a democracia seja o menos mau de todos...talvez.
Sou informatico numa multinacional com muitos utilizadores.
Transpondo a informatica para a vida real, digo-vos apenas que aquilo tudo para funcionar todos os dias com a qualidade exigida, tem que ser na base da ditadura. Cada um só faz o que tem que fazer, so tem permissão de usar o que tem que usar e tem uma liberdade muito restrita em relação ao uso do seu computador. Só assim, tudo corre ás mil maravilhas e sem surpresas ou quebras de funcionalidade do sistema.
Registo: May 25, 2010 Mensagens: 99 Local/Origem: Montijo / Costa Caparica
Colocada: Qua, 17 Nov 2010 - 16:26 Assunto:
Mas em relação à crise de que estamos a debater o wazaaa claramente tem uma opinião muito bem formada pelo que ressalvo somente, o que vez despoletar esta crise a níveis mundiais, que ainda não foi aqui focado por ninguém...
A tesouro americano prestou auxilio aos Bancos de Investimento Fannie Mae e Freddie Mac , promoveu então a fusão da Merrill Lynch com o Bank of America e nesse mesmo mês recusou então prestar auxilio à Lehman Brother's, não suspeitando de que a mesma não conseguiria subsistir então em tão curto espaço de tempo, afim de vender algumas áreas de negócio para a UBS ou mesmo para a Nomura, desencadeando então a falência na altura do 2º maior banco de investimento do mundo…
O impacto foi mundialmente conhecido, pelo que esta falência foi de tal modo grave que nos mercados financeiros Europeus que estavam bastante expostos ainda se contabiliza as perdas hoje em dia….em Portugal as perdas não foram tão acentuadas, mas houve países que a falência do banco de investimento envio para o desemprego mais de 2000 pessoas…
O mercado imobiliário ora outro dos assuntos ainda não referidos neste tópico…desvalorizações e falta de escoamento…entidades bancárias portuguesas no facilitismo na concessão de crédito para a obtenção de novos clientes…
E ontem tive a ouvir um economista afirmar que o nosso problema é bem diferente do da Irlanda, pois o nosso problema é estrutural o que lhe parece ser passível de se resolver não em 3/6/7/9 anos mas sim provavelmente no somatório dos anos apresentados atrás…..pois teremos de consciencializar diversos sectores afim de se equilibrar as importações/exportações… e depois regular o sector financeiro que até agora tanto em Portugal como nos outros membros da UE ainda lhe falta muita regulamentação para evitar novas situações de falência.
Wazza,tens fontes de informação identicas,senão as mesmas que uso e de onde me chega informação.No geral temos a mesma opinião.
Tentando não me alongar muito(se este tema o permitisse...):
Não tenho muita fé em movimentos de massa neste sentido,precisamente por isso,estamos educacionalmente e culturalmente atrasados pelos motivos que referiste:Religião ,falta de formação e informação e as ditaduras(ainda hoje vivemos numa"ditadura encapuçada de democracia"acho que me entendes,os media são manipulados e temos assistido a um bombardear de tentativas de obscurantismo na informação por parte deste governo quando as noticias não são do seu agrado).Para além de que os grupos de media são muito poucos ,detidos pelo grande capital,ao serviço do mesmo e detentores da maior parte dos orgãos de comunicação,logo,facilmente manipulam a informação,vinculam-na em vários meios para vários targets de mercado e repetindo a informação até virar quase dogma,ou pelo menos passa por verdade,é assim que se fazem candidatos politicos,constroi-se a imagem e manipula-se a população, através dos media.
Quanto aos interesses convergentes,também concordo contigo,não parto desse pressuposto,daí o post,tenho a certeza que não são convergentes!Mas como nós é que pagamos esta merda toda,deviam ser!!!!
Concordo contigo quando dizes que estamos fatalmente condicionados à actuação dos governantes,mas como consumidores e cidadãos podemos exercer uma pressão bem mais forte para que a gestão seja de melhor qualidade!Se noutros paises,com o mesmo sistema politico que o nosso é possivel,e as divergencias ,a roubalheira e o saque(pois considero que o nosso pais e a já pouca riqueza que geramos está a ser saqueada)não é de tamanhas proporções,à descarada e com a maior cara pôdre,então cá também é!è aí que temos de entrar e fazer cada um o seu papel...
Li à uns dias um artigo de opinião de um economista que tem vindo a alertar para os erros consecutivos das politicas economicas que os do custume têm tomado e na opinião dele e também de outros técnicos um dos graves problemas passa pelo facto do modelo económico estar baseado nos bens não transaccionaveis ao invés de estar baseada nos bens transacionaveis,mas aí as Soares da Costa,as Somagues,boa parte da banca entre outros interesses instalados e que financiamos partidos iriam gritar e despedir os politicos pagos por eles!Eh pá é tão ridiculo e descarado que nem sei como nunca ninguem se passou ou se fez barulho à séria e passa sempre despercebido para a grande maioria e quando não passa,também não se passa nada,nem moralmente,nem eticamente e muito menos criminalmente.Falo da pouca vergonha e promiscuidade politica vs grandes empresas.Não há ministros que não acabem empregados nas grandes empresas de areas que tutelaram,onde estiveram a legislar e a tomar decisões com o dinheiro dos pagantes em favor dos que lhes dão tacho daí a uns meses....É tão vergosonho......como é que o pessoal não se passa e parte esta merda toda,ainda me deixa admirado(ou talvez não,e o wazza já referiu alguns motivos na entrevista que postou).
Esse, para mim, é um dos grandes problemas das democracias(não que prefira as ditaduras)mas é uma grande fragilidade!
Os partidos não são economicamente autosuficientes,logo precisam de finaciamentos,as grandes empresas financiam-nos,tornam-nos dependentes,refens e subditos.Apartir daí é para esquecer...Como vão olhar pelos nossos interesses se são refens em todos os sentidos dos grandes grupos?como se já não bastasse a fragilidade humana no que toca a poder,currupção e dinheiro fácil,temos ainda a base do sistema a ser comprada pelos que têm os seus interesses na direcção contrária dos nossos,população em geral!
Daí achar que este sistema tem que ser reformado,mas em portugal é ainda mais gritante!!!Os países Latinos são mais dados a estas coisas,por questões culturais e religiosas....
Eh pá desculpem mas é cada biblia que escrevo,não é por mal,quando vejo,já é tarde....E fica ainda assim imenso por dizer!
É que acho este tema um dos mais importantes de todos,pois mexe com a nossa vida,o nosso di-a-dia e a nossa qualidade de vida(ou falta dela),já imaginaram Portugal com o nosso clima,ondas,Naturez(ainda perservada) e com a qualidade de Vida de uma Austrália,ou países nórdicos?já imaginaram o que iriam curtir?
Abraço e sorry pelo testamento...
Xs Garcias:
Concordo com o que dizes,mas falta aí a ganância dos subprime também,ou seja a crise propagou-se a nivel mundial,porque os fundos de investimento da nata da banca mundial andou a investir numa bolha ficticia de dinheiro emprestado a taxas irreais,em habitação para clientes com um grau de risco brutal de imcumprimento,em casas vendidas e avaliadas a preços completamenteirreias(tentando falar superficialmente do assunto,senão lá vinha outro testamento).
A sorte em Portugal é que a taxa de credito ao consumo interno era elevada e a banca Portuguesa não tinha muito dinheiro para investir nestes fundos e não ficou muito exposta,sorte a nossa...
Sabem o que acho engraçado?(ou não)É que quem criou o problema investindo o nosso(da maioria da população dos países envolvidos,as suas poupanças,pensões e investimentos)dinheiro irracionalmente,levou países à bancarrota,o fundo europeu de ajuda às economias em dificuldade também e nós voltamos a enfiar-lhes o guito na mão,confiando novamente milhões € aos mesmos que quase levaram o sistema bancário mundial à falência...É de génio não é?
Não tendo um dom de expressão escrita nem um nível de conhecimento concreto sobre estes assuntos comparável aos foristas que aqui têm postado as suas opiniões vou apenas dizer que concordo totalmente com o Wazaa e parcialmente com o Mnel.
Quanto ao problema em si acho que se divide em três vertentes:
1- A economia mundial que caminhou e continua a caminhar para um abismo (são várias as pessoas credíveis que já o dizem há muito tempo) arrastando-nos na nossa ínfima pequenez às cambalhotas na espiral.
2- As más, péssimas, terríveis opções de muitos dos nossos governantes das últimas décadas. Parece-me impossível que tanta gente com tanta sabedoria (nem todos são burros) não tivesse previsto o que estava para acontecer e feito algo para mudar.
3- O povo de brandos costumes que fala fala mas não faz nada e deixou que a classe política se sentisse intocável e acima de tudo incontrolável nos seus tachos, compadrios, etc.
Por isso, como não sou pessoa de grandes extravasamentos, tomei uma decisão muito simples nas próximas eleições (presidenciais, legislativas e autárquicas) vou votar em branco. Vou votar porque acho que é uma obrigação e voto em branco porque parece-me que assim mando uma mensagem.
Imagine-se se com 0% de abstenção houvesse 100% de votos brancos no nosso país. Os mercados até choravam
Forte abraço
P.S: Portugal somos nós todos, não são só os outros. Nos bons e nos maus momentos. Quando damos 4 à Espanha por exemplo!!!!
Jãobuga,concordo contigo!!!
Já imaginaram a cara dos politicos portugueses perante a União europeia,a explicar a esmagadora maioria de votos em branco ou nulos?
Este é um exemplo de atitudes que só dependem de nós e que se cada um fizer o seu papel algo terá que mudar...
Registo: Jan 24, 2009 Mensagens: 1534 Local/Origem: Poça / Azarujinha
Colocada: Qui, 18 Nov 2010 - 8:59 Assunto:
Boa Jãobuga! A retórica aprende-se com a prática. Eu sempre escrevi e expressei-me bastante mal, mas com a prática consegui corrigir alguns defeitos.
joaobuga escreveu:
1- A economia mundial que caminhou e continua a caminhar para um abismo (são várias as pessoas credíveis que já o dizem há muito tempo) arrastando-nos na nossa ínfima pequenez às cambalhotas na espiral.
Não te esqueças que alguém que anuncie o fim do mundo será mais ouvido do que outro que diz que nem tudo está mal.
Infelizmente, algumas pessoas em decadência ou sob ameaça necessitam de criar falsos inimigos para redirecionar os ataques e exagerar o Armagedom para serem escutadas.
As coisas não estão muito bem, mas daí até "caminharmos para o abismo" vai um grande passo. Pensa na crise de 1929 e compara com esta; nomeadamente compara a queda dos mercados financeiros (este foi muito pior), as consequências (29 foi BEM pior) e o tempo de recuperação (este passou num flash).
Depois, não te esqueças que as crises são cíclicas e estão sempre a acontecer... e o mundo segue cá, feliz e contente. São uma chatice, mas extremamente úteis.
Adicionalmente, se analisares a evolução histórica da vida humana, e em particular a dos Portugueses, vais ver que nunca estivemos tão bem: riqueza disponível, acesso a bens superficiais, educação para todos, criminalidade reduzida, esperança de vida, viagens etc.
É claro que sempre podemos comparar com a minoria que está melhor que nós e criticar e sentir-nos infelizes.
Além de fazermos uma comparação histórica, não se esqueçam que Portugal está entre o 20 e o 40 lugar do ranking mundial, entre cerca de 200 países, em termos de riqueza por pessoa (PIB).
Está em 19 lugar no The Economist Intelligence Unit’s Quality-of-life index (2005). Lisboa é a 45 cidade em qualidade de vida em 200 (Mercer Quality of living Index, 2010). E por aí adiante...
Um positivista terá muitas mais armas que um negativista, menos a de chamar a atenção do público.
joaobuga escreveu:
Por isso, como não sou pessoa de grandes extravasamentos, tomei uma decisão muito simples nas próximas eleições (presidenciais, legislativas e autárquicas) vou votar em branco. Vou votar porque acho que é uma obrigação e voto em branco porque parece-me que assim mando uma mensagem.
Em termos de voto, eu tenho outra estratégia: voto em termos de oposição, ou seja, não pensando em quem pode ganhar, mas em quem pode controlar quem vai ganhar. Felizmente temos alguns casos de partidos que têm demonstrado conseguir fazer mossa no governo. Acho que se lhes dermos mais armas, vão conseguir fazer um trabalho ainda melhor.
Agora se me perguntarem se o partido em que voto tem condições e habilidade para governar, a pergunta é definitivamente "não"
(infelizmente o Presidente da República não tem oposição)
Um abraço... desde um país rico (13 em GDP/capita) e uma cidade ainda mais (6 no index da Mercer e 1 no país em questão), mas sem ondas
Registo: Oct 24, 2004 Mensagens: 7607 Local/Origem: Carcavelos/Évora
Colocada: Qui, 18 Nov 2010 - 10:21 Assunto:
Mnel escreveu:
Depois, não te esqueças que as crises são cíclicas e estão sempre a acontecer... e o mundo segue cá, feliz e contente. São uma chatice, mas extremamente úteis.
São uteis para quem?!
São ciclicas porque é mesmo assim que o capitalismo funciona! Daí a serem uteis e aceitáveis vai uma grande diferença.
Mnel escreveu:
Adicionalmente, se analisares a evolução histórica da vida humana, e em particular a dos Portugueses, vais ver que nunca estivemos tão bem: riqueza disponível, acesso a bens superficiais, educação para todos, criminalidade reduzida, esperança de vida, viagens etc.
É claro que sempre podemos comparar com a minoria que está melhor que nós e criticar e sentir-nos infelizes.
Além de fazermos uma comparação histórica, não se esqueçam que Portugal está entre o 20 e o 40 lugar do ranking mundial, entre cerca de 200 países, em termos de riqueza por pessoa (PIB).
Está em 19 lugar no The Economist Intelligence Unit’s Quality-of-life index (2005). Lisboa é a 45 cidade em qualidade de vida em 200 (Mercer Quality of living Index, 2010). E por aí adiante...
Eu prefiro comparar com o terceiro mundo!! Os problemas que temos cá não são nada com o que se passa no terceiro mundo! Fome, guerra e miséria a uma escala inimaginável, e tudo alimentado pela prosperidade do Ocidente!
Sem os miseráveis que desmontam componentes electrónicos em África ou no Bangladesh, o que fariam os Europeus e Americanos às toneladas diárias de equipamento electrónico obsoleto? Sem os "escravos" da China e da India, de onde viriam tantos artigos desportivos a preços acessiveis? Não fossem os mineiros esfarrapados da Bolivia ou do Peru, onde é que o ocidente iria buscar as suas matérias primas para construir armas, carros, etc? Sem os despojados de Angola, Namibia, Serra Leoa, de onde é que as tias iriam sacar os belissimos diamantes que usam cravados nos aneis?
Enfim... ficávamos aqui o dia todo!!!!
Mnel, tu que até és um gajo que percebe destas coisas, achas mesmo que o actual padrão de desenvolvimento e consumo é sustentável, quer socialmente, mas sobretudo do ponto de vista ambiental?! Pegando num conceito actualmente muito em voga, achas que a pegada ecológica do cidadão médio americano ou europeu nos dá boas perspectivas para os nossos filhos e netos?!
Não achas que, admitindo que sim, que o actual modelo terá de ser radicalmente revisto?
Sabes, a minha posição é basicamente a mesma do professor Elísio Estanque, nesta matéria: estou tranquilo porque ou mudamos a bem ou a mal. Isto é, provavelmente seremos forçados a mudar o paradigma de desenvolvimento. Só espero que não seja muito doloroso!!
Por outro lado, não devemos ter uma perspectiva nem demasiado pessimista, mas também não devemos substimar as lições da História. Porque no passado, e a História humana mostra-nos, que é nestes momentos de crise social acentuada, que as pessoas muitas vezes canalizam a sua insatisfação em lideres demagógicos e populistas e existe tendência para o alastrar deste tipo de regimes. Não esqueçamos que os fascismos alastratam na Europa como resposta ao pós-guerra (I WW) e surgiram como resposta à falibilidade das politicas anteriores de vários governos - Republica de Weimar, só para dar o exemplo mais óbvio. Com isso podem surgir todo o tipo de perigos, desde um autoritarismo interno sem grandes repercussões para o exterior, até fenómenos como o Nazismo que custou a vida a milhões de seres humanos e só não foi pior porque a coisa correu bem. Mas da próxima vez pode não correr tão bem!!!!
Obviamente que dirão que hoje as pessoas estão mais consciencializadas, têm acesso a mais informação e têm graus de instrução e educação superiores e portanto não caem nessas armadilhas. Eu não acredito nisso, porque a politização das consciências não está directamente relacionada com a formação e educação, ainda que esta possa ajudar, especialmente se percebermos que hoje em dia nos dão tanta futilidade para nos alienarmos. Além disso, estes comportamentos de massas, muitas vezes têm uma grande carga de irracionalidade - mais facilmente as pessoas vão votar no PNR como voto de protesto do que votam em branco - é um case study!!!
Por último, e voltando à questão dos padrões de desenvolvimento e pegada ecológica, basta pensar que para que os ocidentais tenham um padrão de vida que exige que consumam os recursos equivalentes a mais de uma Terra, tem de haver gente noutro ponto do mundo que tem menos do que deveria - mais uma vez é pura aritmética!! Hoje, obviamente, as populações da China e India que antes consumiam o equivalente a 0,2 Terras começam agora a querer ter melhores padrões de vida, e como tal terá de haver transferência de riqueza. Ainda assim, continuarão a existir desgraçados noutro canto do mundo a viver com muito menos, e quem sabe se daqui a 30 anos a Europa não estará para a China, India e EUA, como hoje está essa mesma China e India para nós Europeus e Americanos?! O que permite este tipo de dicotomias e desequilibrios? O modelo actual de desenvolvimento, que se chama capitalismo, que se sofisticou e modernizou mas continua a permitir uma taxa de crescimento totalmente insustentável.
Vão-me dizer: mas foi o Capitalismo que permitiu que num século se evoluisse (cientifica, social, economica e tecnologicamente) como nunca antes na História da Humanidade. Certo... mas aqui eu pergunto: com que objectivo? De que nos vale evoluir tanto num século se não deixarmos legado para as gerações vindouras?! É o mesmo que um filho que ganha uma herança dos pais e a gasta toda, vivendo à grande e sem despreocupação, mas ficando na penúria e deixando ele próprio ao seu filho nada mais do que dividas!!!
Afinal de contas esse desenvolvimento existe para nos servir, ou somos nós que servimos o desenvolvimento e estamos reféns dele?
Mnel escreveu:
Um abraço... desde um país rico (13 em GDP/capita) e uma cidade ainda mais (6 no index da Mercer e 1 no país em questão), mas sem ondas
Mnel, estatisticas!!!
Isso de nada vale para quem passa fome ou está desempregado, por exemplo!
Ainda assim eu compreendo que não estejamos tão mal como outros. É o que sempre digo: lembrem-se que há quem esteja bem pior do que vocês. Mas também não devemos ser demasiado frios a ler os números.
Registo: Sep 17, 2010 Mensagens: 39 Local/Origem: Bairro do Relogio
Colocada: Qui, 18 Nov 2010 - 10:27 Assunto:
Mnel escreveu:
Em termos de voto, eu tenho outra estratégia: voto em termos de oposição, ou seja, não pensando em quem pode ganhar, mas em quem pode controlar quem vai ganhar. Felizmente temos alguns casos de partidos que têm demonstrado conseguir fazer mossa no governo. Acho que se lhes dermos mais armas, vão conseguir fazer um trabalho ainda melhor.
Agora se me perguntarem se o partido em que voto tem condições e habilidade para governar, a pergunta é definitivamente "não"
(infelizmente o Presidente da República não tem oposição)
Para controlar quem vai ganhar, temos a Assembleia da Republica o Tribunal Constitucinal e o Tribunal de Contas sem falar no Presidente da Republica.
Essa teoria de voto até é aceitavel, quanto a mim, em paises onde a oposição é feita de forma credivel e com alternativas execuiveis.
Em Portugal, infelizmente não há alternativa ao bipolarismo partidário.
Portanto, ou seguimos a linha de votar em branco exercendo assim o nosso DEVER civico de votar, ou entao, votamos naqueles que queremos que nos governem.
Concordo a 100% contigo quando dizes que nós Portugueses nunca estivemos tão bem na vida. Em relação a isso lembro-me sempre de dois exemplos:
1- Uma conversa que tive com o meu avô há muitos anos em que ele me dizia que quando era pequeno uma sardinha dava para dois e uma cama para três ou quatro. Eu felizmente sem ter tido uma vida abastada nem sei o que isso é.
2- O orgulho da minha mão quando um dia recebeu em casa duas cartas uma endereçada ao Dr. João Almeida e outra ao Eng. Pedro Almeida.
Resumindo, vivemos hoje com muitas mais possibilidades e condições do que há alguns anos. Mas, há sempre um mas, vivemos pior (na minha opinião) porque estamos a adoptar hábitos e práticas que não são nossos e que comprovadamente não são sustentáveis a longo prazo (como o Wazaa disse e muito bem).
Por outro lado, sim, os acontecimentos são cíclicos e a História tende a repetir-se. No entanto, parece-me que pouco ou nada se aprendeu com esta crise.
Lembro-me perfeitamente de ver e ouvir vários políticos, economistas, etc. a dizerem que depois desta crise o mundo não seria o mesmo. O nosso modelo de desenvolvimento ia mudar radicalmente e todos iamos estar melhor porque os causadores da crise e das falências em catadupa de grandes instituições financeiras tinham sido "capturados".
E o que se vê?
Os mercados, esses seres abstractos, infalíveis e que segundo o no PR nem podem ser criticados, estão a destruir não empresas mas países inteiros. Não foi nos mercados que tudo isto começou???
Olhando para o bigger picture, para o mundo como um todo. Será que o ciclo vai continuar indefinidamente? Será que vamos continuar a viver assim, segundo este modelo? É que em 1929 ainda havia muito para estragar, hoje já não. (estou a falar em termos ambientais e de desenvolvimento sustentável)
A mim, enquanto cidadão português ignorante nestes coisas de macro-economia revolta-me o facto de olhar um pouco para trás e ver que depois de toda aquela balela da crise do orçamento, Pecs, apertar do cinto, sacrifícios que tinhamos de fazer para apaziguar os srs. mercados ficámos iguais.
Estamos exactamente na mesma posição. Daqui a uns meses, ou dias, vamos ter de pedir ajuda à Europa.
Resumindo, concordo plenamente contigo Mnel, estamos melhor, tivemos avanços enormes enquanto sociedade e país, mas a verdade é que (como muitos dizem) se olharmos mesmo mesmo bem para o nosso país os problemas continuam e ninguém parece interessado em resolve-los verdadeiramente.
Por isso, acho que em vez de outro 25 de Abril (como muitos dizem cá por baixo) devemos mandar uma mensagem clara (branca) à classe política. Vamos todos votar em branco, começando pelas presidenciais porque são já daqui a alguns meses.
Vamos mostrar de forma cordial e ordeira que não comemos e calamos, que somos um país de brandos costumes mas de gente interessada e que diz BASTA!
P.S: Pode parecer pessimismo mas o mundo não segue feliz e contente, não para muita gente.
Registo: Jan 24, 2009 Mensagens: 1534 Local/Origem: Poça / Azarujinha
Colocada: Qui, 18 Nov 2010 - 12:18 Assunto:
wazaaa escreveu:
Mnel escreveu:
Depois, não te esqueças que as crises são cíclicas e estão sempre a acontecer... e o mundo segue cá, feliz e contente. São uma chatice, mas extremamente úteis.
São uteis para quem?!
A resposta está aqui mesmo, nesta discussão e no debate que originou...
Não há nada pior que uma confortável vida; faz-nos gordos e lentos.
wazaaa escreveu:
São ciclicas porque é mesmo assim que o capitalismo funciona! Daí a serem uteis e aceitáveis vai uma grande diferença.
Não tem nada a ver com o capitalismo. A maior parte dos sistemas são cíclicos ou oscilatório (um surfista devia saber isso melhor que ninguém ), até regular a água quente na tua torneira ou as relações pessoais.
Um bom abanão à economia e à sociedade faz milagres (desde que esta não se parta, claro).
A falência de alguns bancos foi excelente como forma de aviso ao resto da indústria e às pessoas que achavam que o sistema era infalível.
Outro exemplo: o meu pai sempre me disse que nunca se devia deixar um presidente de câmara ganhar mais do que 2 mandatos para ele não se habituar.
Registo: Jan 24, 2009 Mensagens: 1534 Local/Origem: Poça / Azarujinha
Colocada: Qui, 18 Nov 2010 - 12:22 Assunto:
Sobre a pegada ecológica, tens toda a razão, mas acho que estás a misturar as coisas.
Estamos a falar de crises e desenvolvimento.
Desenvolvimento sustentável é outra discussão (e são compatíveis).
É fantástico ler este post e alguns que vão aparecendo por ai no forum, com imenso interesse e revelendo um autêntico despertar de consciências.
Acho que até há um ou dois anos atrás poucos eram os foristas que revelavam tão grande consciência relativamente a estas questões.
Penso que é um fenómeno a sublinhar.
Por vezes replicava-se por aqui a propaganda veiculada pelos principais media, em resposta a alguns posts de conteudo mais inflamado em relação ao "Estado da Nação"
Estes foruns e outras formas de comunicação actuais podem ser, para além do seu objectivo de discussão principal, importantes locais de discussão e de organização da acção, tendo um novo papel ainda completamente desconhecido na consciencialização e mobilização das pessoas. É bom sentir que o espirito comtemplativo, de desinteresse e fraca intervenção civica da nossa sociedade que se instalou na era do Cavaquismo começa agora a desvanecer-se.
Mas de facto, e falando do que aqui se discute, é importante que haja esta consciência e que se fale dos verdadeiros responsáveis e não se tente atribuir as culpas do que se está a passar ao nível economico a quem trabalha e contribui, penalizando cada vez mais com leis laborais sempre mais flexiveis, maior carga fiscal e menos apoios em caso de necessidade.
Criou-se esta situação de dependencia exterior e de falta de produção,
e agora onde estão responsáveis? Lembro-me de em puto em Geografia falarmos da nossa Zona Economica Exclusiva, ser das maiores da Europa e depois não me fazer sentido que não fossemos uma das principais portas de entrada e um dos principais fornecedores de pescado da Europa. Na altura já me fazia confusão e não havia professor que me explicasse a logica disto! A ideia nos anos 90 era mais novo riquismo e a aposta era exclusiva no turismo e eventos, o pais dos eventos.
Depois o chavão de que o Estado Providência não é sustentável, um dos maiores avanços civilizacionais, que permitiu maior equidade no acesso a alguns recursos. Pois, não é sustentavel se se continuar a precarizar a situação dos trabalhadores, que com menos condições financeiras e sem incentivos à natalidade, não mantem a piramide demografica positiva.
Pois não é sustentável com a necessidade de subsidiar tanto desemprego, gerado pelas costas quentes da crise para a grande maioria dos nossos gestores, como pode ser isto sustentavel e ninguem ser responsablizado. A gestão em Portugal faz-se de despedimentos e da exigência de mais flexibilização das leis laborais. Em vez de se responsabilizar quem despede a torto e a direito e quem fecha empresas muitas vezes para deslocalizar, ninguem é reponsabilizado pelos custos que isto tem para o estado Português.
A rubrica a cortar é sempre a das despesas com pessoal, é ridiculo, não há do lado da produção outras opções tecnico-organizativas que melhorem a produtividade de um empresa ou organização?
Depois os bancos, essa entidade suprema que passou a governar o nosso pais, continuam ano apos ano a gerar lucros, porque não contribuem eles mais, visto que são tambem grandes responsáveis pelo ambiente especulativo que levou a esta crise. É o modelo do baixa-se o poder de compra para termos toda uma sociedade dependente dos créditos.
É a lógica do destroi-se o Serviço Nacional de Saúde para ter toda a gente a fazer seguros, de seguradoras que são dos bancos. Entre outras pervesidades...
Muita coisa vai ter que mudar, é certo, no nosso comportamento, pois não somos o pais rico em que durante quase 2 decadas muita gente pensou que vivia, mas é revoltante perceber-se que caminhávamos para o abismo e sejam os mesmos que nos fizeram isto, nos venham agora pedir contas. Eu presto contas sim ,mas quando vir esta corja toda de politicos e amigos em grande cargos (UE incluida), quando vir toda esta corte sedenta de poder, saneada e desmantelada. Aí sim posso talvez voltar a acreditar minimamente numa saida para isto. Aí sim aceito mais pacificamente grandes sacrificios que tenhamos que fazer.
Agora os mesmos de sempre...
As mudanças sociais fazem-se de duas maneiras, progressivamente ou de forma revolucionária, eu acredito nas virtudes da segunda.
Porque o Poder é da maioria.
Registo: Oct 24, 2004 Mensagens: 7607 Local/Origem: Carcavelos/Évora
Colocada: Qui, 18 Nov 2010 - 13:15 Assunto:
Mnel escreveu:
wazaaa escreveu:
Mnel escreveu:
Depois, não te esqueças que as crises são cíclicas e estão sempre a acontecer... e o mundo segue cá, feliz e contente. São uma chatice, mas extremamente úteis.
São uteis para quem?!
A resposta está aqui mesmo, nesta discussão e no debate que originou...
Não há nada pior que uma confortável vida; faz-nos gordos e lentos.
O estimulo é bom. A guilhotina sobre a cabeça nem tanto.
Acontece que para a uma boa maioria das pessoas, isso de confortável vida ou não existe ou é uma ilusão, até porque o estilo de vida moderno faz-nos stressados, alienados e doentes.
Outros há que os faz subnutridos, sujos e sem esperança!
Lá está, acho que te estás a circunscrever ao padrão de vida ocidental!
Mnel escreveu:
Não tem nada a ver com o capitalismo. A maior parte dos sistemas são cíclicos ou oscilatório (um surfista devia saber isso melhor que ninguém ), até regular a água quente na tua torneira ou as relações pessoais.
É a tua opinião. Na minha óptica e pelo que conheço dos mecanismos capitalistas sim é oscilatório, sendo que actualmente os ciclos são cada vez mais frequentes. Não sou economista e como tal, abstenho-me de entrar em pormenores técnicos, no entanto não posso deixar de constatar o óbvio: que no Capitalismo, existem sempre crises após periodos de crescimento e vice versa. E que esses processos estão sempre condicionados por aqueles que detêm mais capital e que portanto, detêm mais poder. Essa é uma vantagem competitiva óbvia da qual podemos questionar, em primeira instância, a legitimidade!
Uma pergunta simples: qual é o pressuposto moral (não legal) para que alguém tenha 1000ha de terras e outro nada tenha?! Como é que se origina a propriedade privada. Nos primórdios da civilização alguém disse "isto é meu" e o drama foi o outro ter aceite!! Do que estamos a falar? De rapina!!! Já dizia Prouhdon: "a propriedade privada é um roubo"!!!! E nisso nasce a acumulação de capital. Isto é meu porque foi gerado com os meus meios de produção (esqueçamos aqui a força do trabalho) que me foram herdados dos meus pais, que estão na familia há gerações e que foram conseguidos no tempo da reconquista aos Mouros! Se continuarmos para trás, chegaremos ao neolitico!! E aqui está a moral da propriedade privada!!!!!
Em todo o caso, já me desviei, apenas para sustentar que, o capitalismo é ciclico por este simples pressuposto: acumulação de capital! Que gera conflitos e que gera uma necessidade sempre crescente de encontrar novas formas de gerar riqueza e mais capital - porque ter capital confere-nos vantagem competitiva - e isso logicamente gera conflitos e gera desequilibrios crónicos, que redundam nos tais ciclos económicos.
Mnel escreveu:
A falência de alguns bancos foi excelente como forma de aviso ao resto da indústria e às pessoas que achavam que o sistema era infalível.
Outro exemplo: o meu pai sempre me disse que nunca se devia deixar um presidente de câmara ganhar mais do que 2 mandatos para ele não se habituar.
Ou seja, temos de ter sempre bombeiros para apagar fogos, com este sistema! Conclui-se que o sistema gera desequilibrios constantes que são necessários ajustar constantemente. Parece-me um sistema bastante ineficiente, portanto!
E porquê? Qual é o interesse de um presidente da câmara em se manter perpectuamente no Poder?! É por amor ao seu eleitorado? Até pode ser numa pequena percentagem dos casos. Mas porque chegamos a essa conclusão lógica de que devemos limitar os mandatos dos nossos governantes? É por eles demonstrarem amor à causa? Ou será pela triste constatação de que a sua grande maioria se aproveita do poder que tem, em proveito próprio? Mas lá está: quem os pode censurar? Nós não andamos anos a estudar para conseguir ter um emprego que nos dê possibilidades de ter mais capital? Não é, no fundo, essa a luta de todos?!
Por isso é que há bombeiros... e policias!!!
É curioso que se pretenda aplicar um conceito muito comunista ao capitalismo: a limitação de mandatos não é mais do que uma versão soft daquilo a que em contexto comunista são os delegados com mandado temporário e revogável em qualquer momento. Isso é quase o admitir a inexistência de hierarquias fixas, visto que estas podem ser substituidas a qualquer momento sempre que não se verifique que estas cumpram a sua função!! E aqui dá-se de barato o facto de, em economia comunista avançada não existir capital nem propriedade privada dos meios de produção e portanto não existir a necessidade competitiva de acumular capital!
Enfim... acho que acabei por tornar a conversa demasiado ideológica, mas fi-lo para suportar que, essa conversa de termos o paradigma do capitalismo como unica e fatal opção é um mito. Há vida para além do capitalismo, e era bom que as pessoas abrissem um pouco a mente nesse sentido.
Quanto à discussão do desenvolvimento sustentável, ninguém disse que não era possível. Aliás, peguei nisso porque é o padrão de desenvolvimento capitalista que nos leva à sobre-exploração de recursos, e como tal é legitimo introduzir o conceito de pegada ecológica, até porque a pegada ecológica que os ocidentais têm está directamente ligada aos seus padrões de consumo e produção, que neste caso são capitalistas. Não é sustentável, e como não é sustentável há que mudar os padrões de consumo-produção, ou seja, mudar o paradigma económico - não estou a dizer que é mudar de capitalismo para outra coisa qualquer, pode passar pelo capitalismo na mesma, mas noutros moldes!!!
Medida de austeridade atras de medida de austeridade,
Flexibilização das leis laborais,
Cortes Salariais,
Aumento da carga fiscal,
Menos apoios sociais,
Consequências:
Desemprego elevadissimo,
Desaparecimento da classe média,
Perda do poder de compra,
Paralização da economia,
por Queda da procura, o consumo cai drasticamente,
Com menos consumo reduzem-se as importações,
Menos importações reduz-se a divida,
Cumpre-se o Défice,
Mas cumpre-se até quando??
Isto está a prazo.
Na UE estamos num clube de ricos sem dinheiro para pagar as cotas, e o Senhor Soares perguntou a alguem se queriamos entrar para isto?
Esse devia ser o primeiro responsável.
Registo: Oct 24, 2004 Mensagens: 7607 Local/Origem: Carcavelos/Évora
Colocada: Qui, 18 Nov 2010 - 15:13 Assunto:
Rancid escreveu:
Medida de austeridade atras de medida de austeridade,
Flexibilização das leis laborais,
Cortes Salariais,
Aumento da carga fiscal,
Menos apoios sociais,
Consequências:
Desemprego elevadissimo,
Desaparecimento da classe média,
Perda do poder de compra,
Paralização da economia,
por Queda da procura, o consumo cai drasticamente,
Com menos consumo reduzem-se as importações,
Menos importações reduz-se a divida,
Cumpre-se o Défice,
Mas cumpre-se até quando??
Isto está a prazo.
Claro que está.
Já o senhor Keynes sabia disso, e os seus discipulos Krugman e Stiglitz se fartam de o afirmar!!!!
Reformas profundas está quieto... ia-se mexer com muito peixe graudo e tirar muitos esqueletos dos armários!!!
Ainda no outro dia me puz a ler a história da UMM (União Metalo-Mecânica) e fabricante dos famosos jipes tugas que causam nostalgia em muitos de nós e às tantas há esta parte:
Citação:
Backets, Capota de lona e sirene de emergência.
1989
Novas carrocerias: chassis longo em soft-top e pick-up. Aparecimento do Troféu UMM
1990
Novas carroçarias: em chassis longo, com cabina e cabina dupla. O UMM entra ao serviço do Exército de Angola, que o usa em grande número na guerra civil.
1992
Novo painel de instrumentos, novos painéis de portas. Novos amortecedores, novos retrovisores, faróis H4 reguláveis e aumento do CA de 30.9% nos 8 primeiros meses. Produção também de 5 modelos com motorizações BMW entre elas 524tds e 525tdi.
Ciente da necessidade de modelos novos para enfrentar a concorrência e ganhar dimensão, a UMM inicia o projecto de raiz dois novos veículos: o Alter III, um SUV (e destinado a rivalizar com o Suzuki Vitara) e um veículo ligeiro tipo seguindo o mesmo conceito do Mini Moke, estes últimos recorrendo em grande parte a órgãos mecânicos do Peugeot 205. Para o fazer, a UMM contou com a promessa do governo de Cavaco Silva para financiar os protótipos através de verbas inscritas no PEDIP, e com encomendas das forças e serviços públicos para lançar a produção dos novos veículos. O Alter III é um jipe moderno, com suspensão independente, com o nível de equipamento em voga (ar condicionado, vidros eléctricos) que em nenhum aspecto perde para os modelos mais vendidos na altura, o Mitsubishi Pajero e o Land Rover Discovery, e supera o Nissan Patrol.
O protótipo do UMM Alter III é apresentado ao público na FIL, colhendo uma modesta atenção da imprensa apesar de com este veiculo o construtor português poder passar a competir de igual para igual com as grandes marcas internacionais.
O Estado acaba por negar a transferência das verbas acordadas com a UMM, e começa a suceder-se toda uma série de inspecções oficiais e dificuldades burocráticas que são levantadas no caminho da UMM. Por alguma razão torna-se evidente o desinteresse por parte das entidades oficiais perante o projecto.
1993
Inserção de um novo tablier com consola central e muito mais modernizado, tablier esse que hoje em dia é alvo de cobiça. Introdução do modelo Alter II Turbo Turimo contendo janelas alpinas semelhantes ao Land rover Defender. As vendas caem para alguns modelos apenas, por ano. Num concurso para a aquisição de algumas centenas de novos jipes, a GNR opta, em detrimento do UMM Alter II, pelo Nissan Patrol fabricado em Espanha. Uma situação semelhante, em que um produtor local é preterido, é inconcebível em qualquer outro país com produção própria.
O Exército Português usa pela primeira vez o UMM no exterior, na missão de paz em Moçambique (ONUMOZ), onde o veículo confirma a sua boa qualidade.
1994
Início da reestruturação da empresa e final da produção em série dos veículos. Continua a estar disponível mas por encomenda, algo que não é devidamente publicitado pela UMM nem referido pela imprensa.
1996
Último exemplar conhecido vendido antes do acordo da comercialização de veículos novos em França.
Portugal manda tropas para a Bósnia, onde o UMM gera, primeiro curiosidade, depois interesse por parte de alguns exércitos europeus, que sondam a UMM sobre um potencial reinício da produção em série.
1997
Aparecimento de adaptações do UMM atmosférico com caixa automática de 3 velocidades, realizadas por Robert Hernandez com o objectivo de propôr outras alternativas.
O Rover Group, apesar de se encontrar à beira da falência, lança um SUV com mecânica retomada dos automóveis da Série 200, com fortes semelhanças com o SUV da UMM, cujo protótipo tinha sido construído no Reino Unido por uma firma especializada: o Land Rover Freelander.
1999
A UMM dá os primeiros passos para a produção do Alter 2000, uma versão revista do UMM Alter II Chassis longo de 1992, com motor Peugeot 2.1 TDI de 110cv XUD11BTE (maior binário, menor consumo e menor ruído), eixos sem autoblocante, novo tablier metálico e caixa de velocidades com relações mais longas. Destina-se ao mercado francês e aos PALOP sendo que a maioria acabou por ficar nas empresas de Safaris turísticos e desportos radicais tendo uma maior quantidade ficado no Algarve.
A mudança mais visível é o tablier que passa a ser metálico.
2000
Regresso de UMMs novos ao mercado francês. Homologação de veículos equipados com o novo motor. Os ensaios da imprensa são muito positivos. Mas a UMM continua a não apostar em publicidade.
2004 São registados os dois últimos UMM's de que se tem conhecimento com chassis normal.
2006
Perante a escassez de encomendas, a UMM fabrica os últimos jipes e retira-se do sector automóvel definitivamente.
Reparem especialmente em 1992 e na forma como este país dá tiros nos pés de forma inacreditável!!!
Falamos de um veículo todo o terreno de qualidade comprovada, muito apreciado pelos amantes do todo o terreno pela sua fiabilidade e eficiência. Um veículo que serviria facilmente para incorporar em todos os serviços do Estado que necessitem de TT's (GNR, Exército, PSP, Ministério da Agricultura, insitutos públicos como o INAG, AdP, camâras municipais, etc), ainda por cima sempre foram de construção relativamente barata!!! E o que temos?! O nosso Governo a roer a corda, hipotecando a revitalização de uma empresa que poderia ser importante exportadora e fornecedora do Estado, portuguesa, e indo comprar aos japoneses e franceses!!!!
Curiosamente isto aconteceu em plena era de financiamento comunitário e coincidiu precisamente com a tal destruição de boa parte do tecido produtivo!!! É também nesta altura que há cortes nas frotas pesqueiras, na produção agricola, que a Setnave fecha as portas, que a Lisnave fica reduzida a quase nada, etc!!!!!!
Outro exemplo? Não comprámos agora uns submarinos? Não tinhamos os maiores estaleiros navais da Europa?!
Registo: Oct 07, 2005 Mensagens: 3733 Local/Origem: Subúrbios de Lisboa
Colocada: Qui, 18 Nov 2010 - 15:48 Assunto:
e comprámos os submarinos a quem?
que tinham defeito e tiveram de ser intervencionados.
e quem comprou os submarinos, curiosamente fê-lo depois de ter cancelado a compra de helicópteros, que tinham sido encomendados por outro antes dele.
curiosamente, no ano seguinte a este cancelamento tivemos o primeiro dos 2 verões de calor e fogo que consumiram as matas/florestas portuguesas. podiamos ter usado os helis. tivémos de pedir ajuda a vários países europeus, para combater as chamas.
estes helis, seriam comprados a uma empresa inglesa, ou inglesa/italiana, não recordo bem. país este que curiosamente está fora da moeda euro.
só coincidências
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