Colocada: Sex, 10 Jun 2011 - 20:10 Assunto: Luís Vaz...
A um fidalgo que lhe Tardará com uma Camisa que lhe Prometera
Quem no mundo quisera ser
Havido por singular,
Para mais se engrandecer,
Há-de trazer sempre o dar
Nas ancas do prometer.
E já que Vossa Mercê
Largueza tem por divisa,
Como todo mundo vê,
Há mister que tanto dê,
Que venha a dar a camisa.
Muito bem sr helder, bem visto! E como hoje (ou melhor, ontém ) foi dia dele tb deixo a minha contribuição:
“Ao desconcerto do Mundo”
Os bons vi sempre passar
no Mundo grandes tormentos;
e pera mais me espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
o bem tão mal ordenado,
fui mau, mas fui castigado
assim que, só pera mim,
anda o Mundo concertado.
Registo: Feb 27, 2010 Mensagens: 2760 Local/Origem: Space the Final Frontier
Colocada: Sáb, 11 Jun 2011 - 8:55 Assunto:
Neste lugar solitário
toda a vaidade se acaba
todo o cobarde faz força
todo o valente se caga.
Obrar é a lei do mundo
cagar a lei do universo
e foi assim cagando
que eu fiz este verso!
Sentado na cagadeira
sinto uma emoção profunda
a bosta bate na água
e a água bate na bunda.
Porque mijas fora
se no entanto cagas dentro?
Ou porque tens o pau torto,
ou o cu fora do centro!
Se as "prostitutas" fossem flores Lourosa era um jardim!
Cuidado, a partir da terceira sacudidela já é considerado punheta
Por mais cuidado que tenhas pinga sempre para os boxers!
Caga cantando para o cagalhão sair dançando
Peidar é fixe, cagar é obra
Pelo cantar desse melro vê-se que comeu muita minhoca (para se dizer a Alguém depois de um peido)
Era uma vez um cão que respirava pelo Cú , um dia sentou-se e morreu
Adoro poemas!!! _________________ Com cuecas de aço!
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Colocada: Ter, 14 Jun 2011 - 15:02 Assunto:
helder_PraiaNova escreveu:
estou a ver que isto é só poetas, hehehe.
"O Amor é como um fosforo, só dura enquanto há Pau..."
MUAHAHAHAHAHAAHHA...
Se a minha poesia é da merda... ESTE É DO CARALH....
BRUTAL!!! vou dizer isso a minha mulher!!! _________________ Com cuecas de aço!
Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.
Presença serena
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo;
E. pois nela vivo,
É força que viva.
Registo: Oct 24, 2004 Mensagens: 7607 Local/Origem: Carcavelos/Évora
Colocada: Ter, 14 Jun 2011 - 20:38 Assunto:
Para voltar a elevar aqui o nível, fica um dos meus poemas preferidos do Pablo Neruda:
Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Registo: Feb 27, 2010 Mensagens: 2760 Local/Origem: Space the Final Frontier
Colocada: Ter, 14 Jun 2011 - 20:56 Assunto:
Fds... wazaaa tinhas que trazer seriedade... deixo então o meu poema favorito!!!
O Meu Olhar
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Registo: Feb 27, 2010 Mensagens: 2760 Local/Origem: Space the Final Frontier
Colocada: Ter, 14 Jun 2011 - 23:06 Assunto:
só mais um para quem gostou do primeiro
Ser Real quer Dizer não Estar Dentro de Mim Seja o que for que esteja no centro do Mundo,
Deu-me o mundo exterior por exemplo de Realidade,
E quando digo "isto é real", mesmo de um sentimento,
Vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior,
Vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.
Ser real quer dizer não estar dentro de mim.
Da minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade.
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo.
Estou mais certo da existência da minha casa branca
Do que da existência interior do dono da casa branca.
Creio mais no meu corpo do que na minha alma,
Porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade.
Podendo ser visto por outros,
Podendo tocar em outros,
Podendo sentar-se e estar de pé,
Mas a minha alma só pode ser definida por termos de fora.
Existe para mim — nos momentos em que julgo que efetivamente
existe —
Por um empréstimo da realidade exterior do Mundo
Se a alma é mais real
Que o mundo exterior como tu, filósofos, dizes,
Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo da realidade"
Se é mais certo eu sentir
Do que existir a cousa que sinto —
Para que sinto
E para que surge essa cousa independentemente de mim
Sem precisar de mim para existir,
E eu sempre ligado a mim-próprio, sempre pessoal e intransmissível?
Para que me movo com os outros
Em um mundo em que nos entendemos e onde coincidimos
Se por acaso esse mundo é o erro e eu é que estou certo?
Se o Mundo é um erro, é um erro de toda a gente.
E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas.
Cousa por cousa, o Mundo é mais certo.
Mas por que me interrogo, senão porque estou doente?
Nos dias certos; nos dias exteriores da minha vida,
Nos meus dias de perfeita lucidez natural,
Sinto sem sentir que sinto,
Vejo sem saber que vejo,
E nunca o Universo é tão real como então,
Nunca o Universo está (não é perto ou longe de mim.
Mas) tão sublimemente não-meu.
Quando digo "é evidente", quero acaso dizer "só eu é que o vejo"?
Quando digo "é verdade", quero acaso dizer "é minha opinião"?
Quando digo "ali está", quero acaso dizer "não está ali"?
E se isto é assim na vida, por que será diferente na filosofia?
Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos,
E o primeiro fato merece ao menos a precedência e o culto.
Sim, antes de sermos interior somos exterior.
Por isso somos exterior essencialmente.
Dizes, filósofo doente, filósofo enfim, que isto é materialismo.
Mas isto como pode ser materialismo, se materialismo é uma ilosofia,
Se uma filosofia seria, pelo menos sendo minha, uma filosofia minha,
E isto nem sequer é meu, nem sequer sou eu? _________________ Com cuecas de aço!
Não são poemas, para quem conhece aqui vai (Bandarra):
SONHO SEGUNDO
Oh! Quem tivera poder
Para dizer,
Os sonhos que o homem sonha!
Mas hei medo, que me ponha
Grão vergonha
De mos não quererem crer.
Vi um grão Leão correr
Sem se deter
Levar sua viagem,
Tomar passagem,
Sem nada lho defender.
Tirará toda a escória
Será paz em todo o Mundo,
De quatro Reis o segundo
Haverá todo a vitória.
Será dele tal memória
Por ser guardador da lei,
Polas armas deste Rei
Lhe darão triunfo, e glória.
Trinta e dois anos e meio
Haverá sinais na terra;
A Escritura não era;
Que aqui faz o conto cheio.
Um dos três que vão arreio
Demonstrar ser grão perigo;
Haverá açoite, e castigo
Em gente que não meneio.
Já o tempo desejado
É chegado
Segundo o firmal assenta
Já se passam os quarenta
Que se ementa
Por Doutor já passado.
O Rei novo é acordado
Já dá brado:
Já arressoa o seu pregão
Já Levi lhe dá a mão
Contra Siquém desmandado.
E segundo tenho ouvido,
E bem sabido,
Agora se cumprirá:
A desonra de Dina
Se vingará
Como está prometido.
O Rei novo és escolhido
E elegido,
Já alevanta a bandeira
Contra a Grifa parideira
Que tais pastos tem comido;
Porque haveis de notas,
E assentar
Aprazendo ao Rei dos Céus
Trará por ambas as Leis,
E nestes seis
Vereis coisas de espantar.
O néscio quer afirmar,
E declarar
Desde seis até setenta
Que se ementa,
Do Rei que irá livrar.
Louvemos este Barão
Do coração,
Porque é Rei de Direito;
Deus o fez todo perfeito
Dotado de perfeição.
Este Rei tem um Irmão,
Bom capitão.
Não se sabe a irmandade?
Todo é nobre, em bondade;
E na verdade
Que sairá com o pendão.
Muitos estão desejando,
E altercando,
Se o meu dito será certo,
Se de longe, se de perto?
E sobre o tal praticando
Aquele grão Patriarca
No-lo mostra, e está falando,
E declara o grão Monarca:
Ser das terras, e comarca,
Semente del Rei Fernando.
Este Rei de grão primor,
Com furor,
Passará o mar salgado
Em um cavalo enfreado,
E não selado,
Com gente de grão valor.
Este diz, socorrerá,
E tirará,
Aos que estão em tristura,
Desde, conta a Escritura,
Que o campo despejará,
Os Fidalgos estimados,
E desprezados,
Que até agora são corrigidos,
Com o tal serão erguidos,
E mui queridos,
E com os Reis estimados.
Se lerdes as Profecias
De Jeremias,
Irão dos cabos da terra
Tomar os Vales, e Serra,
Pondo guerra,
E tirar as heresias,
Derrubar as Monarquias,
E fantasias
Serão bem apontoadas,
Serão todas derrubadas,
Desconsoladas
Fora das possentadorias.
Ainda mais profetizando,
E declarando:
Seus pequenos das manadas,
Derrubar-lhe-ão as moradas
Bem entradas,
E assim o vai mostrando.
Já o Leão vai bradando,
E desejando
Correr o porco selvagem,
E tomá-lo-á na passagem
Assim o vai declarando.
Muitos podem responder,
E dizer:
Com que prova o sapateiro
Fazer isto verdadeiro,
Ou como isto pode ser?
Logo quero responder
Sem me deter.
Se lerdes as Profecias
De Daniel e Jeremias
Por Esdras o podeis ver.
Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Por que (triste de mim!) por que não raia
Já na esfera de Lísia a tua aurora?
Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo que desmaia.
Oh! Venha... Oh! Venha, e trémulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!
Eia! Acode ao mortal, que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor, torce a vontade,
E em fingir, por temor, empenha estudo.
Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso núme tu és, e glória, e tudo,
Mãe do génio e prazer, oh Liberdade!
Mais um do poeta cá da terra, Manuel Maria Barbosa du Bocage!
Registo: Jun 11, 2008 Mensagens: 325 Local/Origem: Sintra
Colocada: Sex, 17 Jun 2011 - 14:30 Assunto:
Hoje ...
Hoje, pode ser o primeiro de muitos dias,
Hoje, pode ser o ultimo dia,
Hoje, pode ser igual a amanhã,
Ou simplesmente pode ser diferente.
Hoje, vive intensamente,
Como se fosses morrer,
Que não fique nada por dizer,
Nada por fazer,
Nada por conquistar ou tentar!
Hoje, só hoje,
Deixa de ser um mero fantoche,
Hoje só hoje VIVE.
Domingos Ambrósio AKA dom
é o que se arranja ... nem vale a pena dizerem que não presta eu já sei isso! _________________ "TENHO MEDO QUE A LIBERDADE SE TORNE UM VÍCIO."
in "Rio das Flores" de Miguel Sousa Tavares
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